novembro 18, 2009

PA ou PG – escolha do leitor

A ideia não é lembrar que tem coisa melhor pra dizer aos garotos na balada ao invés do cafona “eu podia ser sua mãe”. – Eu já táva terminando o ensino médio quando você ainda começava a 5ª série.. é bem mais divertido – e menos obsessivo.
Mas não é nada disso. É que o novo trabalho me faz mergulhar no universo da matemática escolar e ando impressionada. Especialmente porque, na 2º e 3ª séries do ensino médio, a galera sabe tudo de progressão geométrica e/ou aritmética. Ou deveria saber, seria o ideal, ou vai ver que entende mesmo, ou nada disso.
É pouco didático questionar por quês nesse contexto, eu sei. Sou obrigada a confessar minha ignorância e resolvo fazer hora extra não-remunerada para entender a diferença entre as fórmulas. Obs importante: não sou autora, nem determino os conteúdos, não tenho de resolver as questões (nem sempre é possível). Sou uma revisora de bom-senso.
Na verdade, me agrada usar a expressão x, especialmente pra dizer da vertigem do mundo e da alucinação dos seres vivos, sentimentos, instintos, planeta condenado, atitudes, besteiras, misérias, diversão e frivolidades abundantes onde o homem bota a mão.
Então, o certo é progressão geométrica. Para qualificar a sucessão, contínua e multiplicada – quase potencializada (muita calma antes de afirmações matemáticas categóricas) – de merdas com que o governo do Brasil do Futurinho nos surpreende a cada dia. Não bastassem a corrupção e a ignorância deslavada do bando que toma os poderes e as administrações, etc. num balaio que não dá pra escolher os melhores entre os piores.. tem também novidades surrealistas como o imbróglio do apagão. Estrutura energética sucateada com projeto e planejamento de privatização do governo FHC, temos agora, continuidades sem perdão no governo Lula. Nossa ex-matriz limpa e sustentável tá virando um lixo (cheia de usinas térmicas – putz temos um potencial hídrico tão absurdo!). Curto-circuitos, hackers poderosos e o discurso das autoridades são mesmo incríveis. Convoca uma mesa branca que o entendimento há de ser melhor.
Nem vale a pena fazer lista. Mas faço. Dá vontade de vomitar quando penso na transposição do São Francisco, que poucos, amaldiçoados pela mídia, podem explicar com razoabilidade. As agências reguladoras com poder divino sobre as criaturas espoliadas que se acreditam cidadãs.. a barafunda dos impostos.. voto secreto nas casas legislativas.. trabalho escravo.. violências simples e cotidianas em qualquer noticiário.
A Palestina, meu jesuzinho! Nem precisa ir tão longe. Tem o Rio, comédia crônica e pungente. Ah, tem as blasfêmias sobre as emissões de gases.. lá lá lá.. A Bovespa vai bem, obrigada. Os templos do universo internacional do reino celestial x, também, os lucros do sistema financeiro em geral.. O shopping Cidade Jardim, idem. O campeonato brasileiro.. do caralho!
E se você parar pra observar – três minutos tá de bom tamanho – as pessoas na rua estão correndo atrás do busão lotado, cenho crispado, olhos tristes, lordoses, etc. Vez em sempre passa um carro bacana com vidros escuros (não estamos falando da Oscar Freire, bem entendido). Quando esses invisíveis chegarem em casa, vai ter o que pra comer?
Se chegar mais perto, de qualquer um, serão, quase sempre, autômatos sem perspectiva, com esperanças e crenças aleatórias, flácidas. Sobreviventes e só. Tá, tem pessoas que chupam picolé numa tarde quente, e é quase lindo..
Semana passada, ou agosto, ou ontem, parei pra ver e a perguntinha veio fácil. Pra que tudo isso? E lembrei dos olhos verdes do Chico Buarque e da nunca datada Roda Viva.
Well.. sou uma otimista de carteirinha. Nascem um idiota e um mau-caráter a cada minuto, mas há de haver algum jeito. No meu modelito privatista, educo dois adolescentes amados e complicados – aos trancos –, ainda tento aprender inglês, sempre tenho guloseimas no carro para o caso de um farol hostil, trabalho, trabalho, leio, leio, leio, tenho uma estagiária maravilhooosa, ga-ro-tos sempre afins de algum entendimento (pre gui ça..), e outras cositas que dão certo prazer-alívio. Um bate-e-volta no Tombo, por exemplo, é tudo de bom no finde, águas salgadas cálidas. Hum..
Mas, forse, um câncer não tarda, nada de fatalidade, maybe um surto psicótico. É a progressão geométrica. Tempo maldito.
Tem. Há de ter.. esperança.

3 comentários:

  1. E eu tenho uma amiga jornalista daquelas bem looooucas, bem única e bem querida, que está comigo para o que der e vier - sorry, mas ter uma Val na vida é para poucos.

    E com o maior prazer serei para sempre sua estagiária, pois sempre terei algo a aprender com você.

    Amo mesmo!

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  2. E eu ouvi dela "nem te conheço direito, mas gosto de você", o que, concordo, é um alívio em meio a tantos "quocientes" (ou inconscientes). A vida é a arte do encontro e acho que essa é a grande esperança. Que sorte ter te conhecido!
    Um beijo grande! Sá.

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  3. O anti-psiquiatra Laing já disse na década de 70, que a sanidade é tão equidistante da loucura, quanto da normalidade.
    Não sei se equidistante precisa de tão ou quanto, but I like it.
    Não entre em surto, há outra opção: a saúde mental.

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hum..