novembro 19, 2009

Ayahuasca, Praça do Correio e 40 graus - trinca (im)perfeita para repaginar a consciência

Caros leitores, modéstia às favas, adoro quando criticam minha despreocupação com o entendimento – ou a falta dele – que minhas escrituras provocam vez ou outra. Devo assinalar que quase vomitei o estômago pela manhã, uma boa alma me aplicou um Plasil na veia e fiquei bem louca. Enfim, foi necessário descer para comprar cigarros e água de coco. No caminho não tinha uma pedra, mas tinha a Praça do Correio.
É surpreendente como um olhar simples e despretensioso para esse universo às 16 horas de uma quinta pré-feriado pode alterar a consciência. Descontados os efeitos colaterais da medicação para enjôo, do calor paulistano alucinante e da predisposição de quem vos fala para o delírio, sou forçada a arriscar um palpite e desenvolver nova tese. A Praça do Correio, sua fauna e mecanismos jurássicos de comércio ilegal podem ter consequências mais devastadoras sobre a consciência do que a Ayahuasca (sem os bailados e hinários do Daime ou da dissidente União do Vegetal, bem entendido).
Ao contrário do que afirma o Ministério da Saúde em estudo divulgado hoje, a população que circula nessa região do centro de São Paulo não está mais gorda nem mais alta. Por ali, o curiosíssimo e baratérrimo hábito alimentar do “churrasco grego” é uma festa e nem por isso os rumos da humanidade serão diferentes.
Tem de tudo. Tênis usados por módicos cinco reais, pen drive de 256 GB, invisíveis acompanhados por matilhas de vira-latas, grávidas de shortinho jeans, odores repugnantes, transporte coletivo urbano para qualquer parte da zona rural da metrópole, etc. É impossível não se sensibilizar diante desse cenário.
Eu e meu limitado entendimento sobre a alma humana ficamos abaladíssimos. A vertigem foi potencializada de tal forma que lembrei o googol, conceito que surgiu da mente brilhante do matemático norteamericano Edward Kasner em 1938. Para quem não sabe, esse conceito sem nenhuma utilidade prática, explica a centésima potência do número 10, informa a enciclopédia livre Wikipédia.
Por que será que lembrei da piadinha infame: “O que seria um bom começo? – Mil jornalistas acorrentados no fundo do mar!”. Também sem nenhuma utilidade parece o rumo que o texto, a tese e minha sanidade estão tomando. Obrigada pela sua atenção.

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