outubro 21, 2009

Fumantes Perfumados (ou Como se transformar em Barack Obama em três lições)


Abrir a caixa postal e checar as mensagens recebidas deixou de ser uma tarefa comum para se transformar numa fonte de diversão. Além do número crescente de porcarias que não interessam (tipo ofertas variadas, cursos e oportunidades incríveis), sempre tem um ‘amigo’ oferecendo receitas infalíveis para ajudar você a ser uma pessoa melhor. Pode ser uma corrente de anjos, um hino de louvor a deus ou palavras sábias de um guru de alguma escola de meditação.
Nessas horas, é impossível não lembrar da maldita cultura da auto-ajuda que devasta a sociedade pós-moderna como um tsunami.
Os sofismas, mantras e fórmulas mágicas que os papas da auto-ajuda oferecem aos montes nas livrarias me provocam, primeiro, ânsias de vômito, depois, preguiça, muita preguiça. Essas artimanhas linguísticas transformadas em manuais sagrados, servem, na minha modestíssima opinião, para ajudar, sim, os autores a rechear sua conta bancária com a grana dos crédulos de plantão.
Se fosse uma questão de ler, refletir, acreditar e repetir à exaustão as informações incontestáveis dessas teses seríamos, todos, seres geniais, ricos, de sucesso, equilibrados e, acima de tudo, felizes, muito felizes. Putz, mas não é assim que acontece. Ao contrário, os consultórios de psiquiatria estão lotados e os laboratórios farmacêuticos registram lucros cada vez maiores com qualquer medicamento que se proponha a aumentar os níveis de serotonina no cérebro dos falíveis mortais.
Talvez, para uns poucos iluminados, a retórica vazia do nirvana e do deslumbramento dê conta de vencer os degraus da escada que vai da teoria à prática. Iluminados?
Aos interlocutores desavisados, nada mais a dizer. Apenas advertir que as mentiras fazem parte da vida e que a mente humana será sempre um vasto campo para as mais espetaculares experiências.
So sorry. Prefiro Montaigne e biscoitinhos da sorte.

3 comentários:

  1. é verdade neste mundinho, temos que selecionar em qual mentira vamos acreditar...
    O nome já diz auto-ajuda para aumentar a conta corrente de infeliz que escreve meia dúzia de palavras "bonitinhas" e os leigos caem como cordeirinhos. Fazer o quê se nada mudou e nunca mudará. abraço do Robson

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  2. Puxa, vou jogar fora meu livro do Trigueirinho...

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hum..