agosto 15, 2009

Chororô

14 de Agosto – Dia do Protesto
E qualquer crença no futuro parece tão rasteira diante do cotidiano esmagador do todo dia.. Sou otimista de carteirinha, mas tem limite. Tem a rua, o noticiário. Dá desalento..
Seremos, em 2020, ou 2030 - tabulam os analistas do Goldman Sachs - potência mundial. Não desdenho. Só queria saber a contabilidade das perdas e ganhos desse desenvolvimento.
Os fodidos ‘invisíveis’ estão nas calçadas à razão de 20 sujeitos, ou mais, por 100 metros quadrados, no centro de São Paulo. Nas noites geladas, jornal, papelão e cobertores ralos. Sem contar os zumbis da Cracolândia, que agora têm mobilidade curiosíssima – certa hora do dia tomam as calçadas da avenida São João e..
Somos emergentes de merda, BRIC fake, com investimento pífio em pesquisa, poucas áreas de excelência e as camadas do pré-sal à revelia da voracidade paquidérmica. Distribuição de renda, let it go..
O senado faz vômito. E o Lula joga na lata de lixo os poucos avanços inclusivos, como o bolsa família – paternalismos à parte, é do caralho, estratégico –, no vai-da-valsa. Pactua com o mais desprezível da elite. Ética de pernas quebradas.
As desigualdades persistem, pretensos cidadãos, pequenos e médios caem nas malhas da cidadania barata das agências reguladoras. Outra falácia, instituições a serviço não se sabe de quem. Privatizar lucros, socializar ônus. Putz, até quando?
Gentilezas tíbias, pântano galopante. Qual o endereço do desabafo? É como ir de um estado embriagante pra outro estado, embriagado. Elasticidade sem rumo que preste. Alternativas escassas, amarro uma pedra no pescoço e me jogo no Ganges?
Prever o comportamento individual já é difícil. O coletivo, então..

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hum..