julho 14, 2009

Palmeira dos Índios

A notícia no rádio cita mais um discurso enviesado do presidente Lula.. mas a citação ‘Palmeira dos Índios’ me remete a uma tarde acadêmica de literatura. Pois é.. Estavam lá hoje, Lula e Fernando Collor, dividindo palanque na inauguração de uma obra do PAC. Não. Não interessa o que eles disseram.
Interessa o que relatou Graciliano Ramos, então prefeito de Palmeira dos Índios, em 1929, numa prestação de contas da prefeitura ao governador das Alagoas.
Graciliano, escritor, poeta, crítico, leitor de realidades e do fazer literário, ideólogo. O Brasil dos anos 30, desigualdades e transformações. Relatório burocrático com feitio de obra literária.

COMEÇOS
O principal, o que sem demora iniciei, o de que dependiam todos os outros, segundo creio, foi estabelecer alguma ordem na Administração.
Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores de impostos, o Comandante do Destacamento, os soldados, outros que desejavam administrar. Cada pedaço do Município tinha um administrador particular, com Prefeitos Coronéis e Prefeitos inspetores de quarteirões. Os fiscais, esses, resolviam questões de polícia e advogavam.
Para que semelhante anomalia desaparecesse lutei com tenacidade e encontrei obstáculos dentro da Prefeitura e fora dela – dentro, uma resistência mole, suave, de algodão em rama; fora, uma campanha sorna, oblíqua, carregada de bílis.
Pensavam uns que tudo ia bem nas mãos de Nosso Senhor, que administrava melhor do que todos nós; outros me davam três meses para levar um tiro.

De fato, é só o começo. O relatório chega às mãos de Augusto Frederico Schmidt, editor que quer saber de Graciliano sobre outros escritos a publicar.

Link da Biblioteca Nacional traz o relatório na íntegra. http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1712

Um comentário:

  1. Certa vez o Graciliano apontou para o estado de Alagoas no mapa do Brasil e disse: - Excelente lugar para um golfo. Alagoas é o Pará do nordeste.

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hum..