julho 06, 2009

Aos perdedores!


Gay Talese está para o jornalismo assim como Pelé para o futebol, Michael Jackson para a música pop e Roger Federer para o tênis. Ao lado de Tom Wolfe e Truman Capote, Talese é um dos faróis do chamado New Journalism, uma forma de reportar notícias valendo-se de estilo e recursos literários. Elevou a reportagem à altura de obras-primas como o perfil de Frank Sinatra, dezenas de páginas sobre o cantor mais popular dos Estados Unidos, sem tê-lo entrevistado. Fez isso com outros personagens ilustres e muitos anônimos.
Nesta segunda, Gay, ou Gaetano Talese, filho de mãe americana e pai italiano, nascido em Nova York, esteve na editora Abril para abrir o Curso de Jornalismo Literário promovido pela revista Bravo! Talese falou durante uma hora e meia.
Esse senhor, de mais de 70 anos, veste-se com aprumo, terno claro, gravata colorida, colete, lenço no bolso do paletó perfeitamente talhado – seu pai era alfaiate e sua mãe costureira. Usa chapéu de abas levemente caídas, relógio de ouro no pulso esquerdo e fala um inglês fluente e perfeito. Seu senso de humor é levemente cínico e sua ironia é refinada como sua prosa.
No início de sua fala, ele contou como seus pais o influenciaram a se transformar no que é: um homem curioso, paciente e que adora ouvir histórias. Curiosidade, paciência e persistência formam o tripé do bom jornalista, ao lado, claro, de muita leitura. Ele se confessou um pouco frustrado por não ser um escritor de ficção, pois lhe falta imaginação.
Formou-se em Comunicação na Universidade de Nova York, trabalhou no The New York Times e depois começou a escrever enormes perfis em revistas como New Yorker e Esquire.
Em outro momento, comparou a construção de uma boa matéria ao cinema, é preciso encadear cena a cena. Falou da importância de se começar uma história que fisgue o leitor no primeiro parágrafo. E disse que os personagens que mais o interessam são os perdedores. Porque, afinal, dos vencedores todos vão atrás.
by André Nigri, da Bravo!

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