Diretor e pesquisador da Academia de Mídia Arte de Colônia, na Alemanha, Siegfried Zielinski (1951-) diz que a arqueologia da mídia é uma filosofia de vida. Numa perspectiva pragmática, justifica essa abordagem de “desenterrar caminhos secretos na história” como trajetória de entendimento do futuro.
Meu primeiro contato com o autor, que assina o ensaio A arqueologia da mídia no volume O chip e o caleidoscópio – Reflexões sobre as novas mídias, aconteceu esses dias. Fiquei vivamente impressionada com seu eruditismo e, ao mesmo tempo, a simplicidade colocada no desejo de uma expressão estética sem padrão.
Num texto de 20 páginas, ele enumera diferentes registros históricos e descobertas científicas. O percurso tem início na história cristã de Jacó, o sonho das escadas e as representações a partir dele, sendo um dos primeiros registros a respeito o manuscrito grego de João Clímaco, de 1345.
Na linha do tempo traçada por Siegfried, o napolitano Giovanni Battista Della Porta (1538-1615) subverte a própria época, dedicando-se acima de tudo à transmutação do real e às imagens falsas que seus estudos ópticos suscitaram.
A arte dos espelhos de Athanasius Kircher (1601-1680) e o que talvez tenha sido um dos primeiros conjuntos de hardware e software do mundo, o smicroscopio, engenho portátil para recontar histórias, são apenas alguns dos exemplos que compõem a história do cinema - “a perpétua alternância de movimento e imobilidade, código binário da cultura industrial do século XIX”.
Esse influente pensador de teoria das mídias percorre um caminho entre diferentes fenômenos para mostrar com que material técnico, estético e teórico foram desenvolvidos inúmeros artefatos de articulação de mídia. E, mais, acredita e anseia pela imaginação como possibilidade para enriquecer a experiência de tempo fora dos limites da mediatização.
julho 20, 2009
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Andei lendo o seu blog, é sensacional.
ResponderExcluirAdorei.
Menos, é claro, na minha humilde opinião, quando fala do Lula de uma forma tão, assim... digamos...