novembro 28, 2009

Direitos - e entendimentos - difusos

O bloqueio de sensações é produzido pelo cérebro involuntariamente, depende das circunstâncias. Se é alguma coisa de você pra você mesmo, desimportante, rapidamente, e quase sempre, o cérebro vai responder NÃO. It depends on, of course. Daí.. que o ritmo da máquina humana pode derrapar e fazer com que importâncias, muita vez, virem fumaça..
Ninguém sente o toque adorável da camisa de seda depois dos primeiros três minutos. Cabô aquela sensação maravilhosa de afago. Não está inscrito na programação humana se preocupar com isso. Você tem mais o que fazer.
A língua nervosa, se, enquanto fala absurdos, verdades, mentiras, bobagens. Menos ainda cócegas, se são as próprias mãos que querem despertar arrepios ou risadas. Luto - no more forever -, é um pouco mais complicado. Hum.. básicos, primários.. nossos sentidos de almanaque. Atravessados, controversos. Científicos?
Então.. a Carla Caruso lançou hoje (ontem), na Livraria da Vila, o Almanaque dos Sentidos.

Perambula meu tempo adolescente de maldição aos carrascos e defesa dos frascos e comprimidos em geral. Nunca perdi a capacidade de me espantar e de me revoltar. Só faço diferente agora. Maybe, sentidos mais espertos que o adequado.
Sabe a escritora Xinran Xue, num relato que fez por esses tempos em São Paulo? No, eu não estava lá. Mas um amigo contou tantas coisas.. maravilhosas. De Victor Hugo pro rádio é um caminho tortuoso numa China profunda, de etnias, línguas e infernos difíceis de dizer.
Só uma mulher muito poderosa poderia relatar a história das unhas pintadas de cores diferentes e, a partir daí, uma quase revolução pelos direitos de expressão femininos. Essa pessoa especial conseguiu, num programa de rádio, num país maldito, o que nenhuma reportagem jornalística sobre os órfãos de nenhum jornal mundo afora fez. Dos órfãos chineses, que se multiplicam independentemente da política cambial daquele bric de merda, quem faz notícia de verdade? Sabemos o poder econômico. Ela disse além fronteira. Disse dos sentidos.

O cérebro! Meu, seu, coletivo, privado, além fronteira, continua a ser essa maquininha capaz de tudo e de qualquer coisa. Ao mesmo tempo livre e prisioneiro de tantas conveniências bestas. Conceito de tempo e acontecências tatuado no inconsciente mais pitombeiro.
Vai registrando memórias infindas e.. vez ou outra, é incapaz de fazer ou refazer o link.
Penso que sensibilidade e tecnologia têm tudo a ver. As pessoas estão, se entendem, divergem, tem diversão, trocam e brigam no twitter, no msn, no skype, no orkut, facebook, etcs. Estão em paz ou não. Daí, quando se encontram, tudo se acaba num “te cuida”.
E quem faz importância? Ícones do jornalismo, do teatro, dos direitos humanos, dos direitos difusos, da crítica, da economia?
Quem faz mesmo diferença são as crias, os amigos, os amores e os amantes, interlocutores de fato.
As coisas nem sempre representam sentidos, meu caro Audi. E o meu jeito de transformar o mundo é esse, a partir do meu umbigo, sim. Leitora de realidades a partir e além de mim mesma. Vez ou outra, como dizia o adorável cronista carioca dos 60, o Carlinhos de Oliveira, tomo distância e me olho de longe (tipo, uns 20 ou 30 metros). Essa a minha objetividade narrativa. Sem nenhuma bíblia debaixo do braço. Nem de deus nem do diabo, nem de Marx, Freud, Lucaks ou dos papas moderninhos de ocasião. Difusa e confusa. Curiosa e atenta, sempre.

Um comentário:

  1. diógenes junáy júnior27/6/10 10:48 AM

    agradáveis textos para se ler com um bom vinho e menos conhaqui...

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hum..